A máquina infernal

Francis Vogner dos Reis

Ano
2021
Duração
30 min
Local de produção
SP/Brasil
Legendas
ENG, SPA
Classificação
12
Acesso
Gratuito

Disponível para o Brasil

Sinopse

Sara é contratada para fazer a manutenção de máquinas que quebram misteriosamente em uma velha fábrica metalúrgica em processo de falência no Grande ABC.  Entre extensas jornadas de trabalho e incertezas quanto ao futuro, um estranho e monstruoso som toma os espaços. As máquinas gritam como se fossem corpos e os corpos humanos quebram como se fossem máquinas. Um filme de horror e amor.

Por que assistir?

No filme de Francis Vogner, o trabalho da imaginação é disparado por sons misteriosos emitidos de dentro de máquinas obsoletas. São sons de dentro, sim, mas apontados para fora, compondo um vasto extracampo que assombra o espaço da fábrica. Esse é um espaço sombrio, praticamente abandonado, decadente, a ponto de ruir - como sugere a montagem pela sobreposição de imagens de implosão, possivelmente fábricas demolidas para dar lugar a outras edificações do trabalho no capitalismo tardio (galerias de shopping, espaços coworking, prédios residenciais e seus moradores em home offices). A tétrica sinfonia de ruídos estranhos conduz o ritmo do filme, junto às ações dos poucos operários que restam na fábrica, de olhares fixos e vazios, de gestos repetitivos e robóticos. Eles trabalham mecanicamente, pouco desejam ou esperam a não ser o pagamento do salário atrasado, o acerto da demissão, o fim programado do contrato. Alguns se beijam, entre as frestas. O filme é assombrado, de um lado, pelos efeitos do modo fordista de produção, típico de um passado não tão distante, e de outro, pela ameaça de tudo parar de funcionar a qualquer instante, sejam as máquinas, sejam os corpos. Possuídos no chão da fábrica, os operários são autômatos, sistemas maquínico-orgânicos, feitos de sangue e graxa. Vogner e sua equipe criam uma “poética do terror” - a expressão é do próprio diretor, em entrevista - que, ao mobilizar nosso medo, sinaliza para o que está em jogo na reflexão sobre o trabalho, hoje. Afinal, são tempos de medo, somos amedrontados pela ameaça de perder as poucas garantias conquistadas no passado, rumo a um futuro em que “nada mais quebra”. Esta é a única fala do patrão no filme, “nada mais quebra”: e dá medo constatar que, se isso ocorre, não é porque foi possível a reparação histórica sonhada na luta de classes, mas porque, assustadoramente, nada mais sobra.

Ficha técnica

elenco Carolina Castanho, Glauber Amaral, Carlos Escher, Talita Araujo, Renan Rovida, Carlos Francisco, Maria Leite, Martha Guijarro, Carlota Joaquina, Luis Chierotto, Allan Peterson dos Reis

direção Francis Vogner dos Reis

produção Maria Tereza Urias, Renan Rovida

roteiro Francis Vogner dos Reis, Cássio Oliveira

direção de fotografia Alice Andrade Drummond, Bruno Risas

som direto Letícia Yabá, Maíra Romero

direção de arte e figurino Marcelo X

produção executiva Maria Tereza Urias

direção de produção Renan Rovida

montagem Cristina Amaral

edição de som Guile Martins

trilha sonora Miguel Caldas

Galeria de imagens

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