Não devore meu coração

Felipe M. Bragança

Ano
2017
Duração
106 min
Local de produção
Brasil, França, Holanda
Legendas
ENG
Classificação
14
Acesso
Locação

Disponível para o Brasil

Sinopse

Uma fábula sobre o amor, a violência e as memórias na fronteira entre o Brasil e o Paraguay. Joca é um garoto brasileiro de 13 anos que está apaixonado por Basano, uma garota paraguaia indígena. Para conseguir conquistar o seu amor, Joca vai ter que enfrentar o passado de violência de uma região marcada pela guerra e encarar os segredos de seu irmão mais velho, Fernando, membro de uma gangue de motoqueiros da região.

Por que assistir?

Formalmente estruturado entre a narrativa linear e a experimentação cara ao diretor, Não devore meu coração faz dos limiares seu mote e motor dramático. A começar pelo espaço onde está situado, entre Brasil e Paraguai, território de tensões e enfrentamentos. Há outras fronteiras, além das espaciais, erguidas sobre a passagem do tempo: do passado, o filme evoca a Guerra do Paraguai, no presente, é atravessado pelos conflitos entre ocupantes originários, indígenas Guarani, e os brancos invasores. Interessa observar como as tensões e conflitos territoriais e históricas reverberam na trama: no confronto das gangues de motocicleta e, destacadamente, na história de Joca, um menino branco que se apaixona por Basano, moça Guarani. O amor é figurado como uma experiência liminal, fronteiriça, e tal como o território, carregada de conflitos, impossibilidades e resistências. Liminaridade poderia ser uma palavra chave para este filme. Nos estudos antropológicos, o termo surge como qualidade de ambiguidade ou desorientação própria do estágio intermediário vivido por participantes de um rito de passagem. No limiar, os participantes de um ritual abandonam sua identidade pregressa, mas ainda não se estruturam em seu novo estado ou identidade, que só virá findo o rito. Joca, não mais criança, tampouco adulto, é um personagem construído no limiar: sofre com a ambiguidade e a desorientação diante de Basano, que ora resiste, ora cede a seus apelos, mas também diante de seu irmão, integrante da gangue de motocicletas, a um só tempo protetor e rude. Em entrevista, o diretor afirma: “a fábula e a mitologia são as minhas formas de tentar acessar os espaços, sem a sensação de resumi-los ou controlá-los. É um lugar de imaginação, mas também de respeito. Tenho a sensação de que por meio delas consigo me conectar, além de estabelecer harmonia entre alguns elementos e signos daquela região. Penso meus filmes muito em termos de música, no que diz respeito ao ritmo e à estrutura. Para mim, ainda, a mitologia e a fábula têm a ideia de máscaras. Nesse filme não existem máscaras, mas os capacetes são uma espécie de máscara. A menina, por exemplo, não usa máscara, mas tem uma tatuagem. É um pouco desse lugar onde as pessoas estão tentando organizar as suas próprias personalidades, a si mesmas para, depois, tentar organizar o mundo ao redor. Então, fábula, para mim, é uma forma de combate.”

Ficha técnica

elenco Cauã Reymond, Eduardo Macedo, Adeli Gonzales, Zahy Tentehar Guajajara, Claudia Assunção, Ney Matogrosso, Márcio Verón, Leopoldo Pacheco.

roteiro Felipe M. Bragança

fotografia Glauco Firpo

direção de arte Dina Salem Levy

figurino Ana Carolina Lopes

montagem Jon Kadoksa

desenho de som Fernando Marcos Prado

Galeria de imagens

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