Tragam-me a cabeça de Carmen M.

Felipe M. Bragança, Catarina Wallenstein

Ano
2020
Duração
61 min
Local de produção
Portugal, RJ/Brasil
Classificação
12
Acesso
Locação

Disponível para o Brasil

Sinopse

Ana, uma atriz portuguesa, vem ao Rio de Janeiro e mergulha no pesadelo cultural brasileiro atual, enquanto procura viver Carmen Miranda em um misterioso longa-metragem dirigido por uma diretora fantasma.

Por que assistir?

O tom imperativo no título pode ser bom ponto de partida para pensar este filme bastante enigmático: “tragam–me a cabeça de Carmem Miranda” pode indicar um pedido ou uma ordem, um apelo por presença ou um desmando despótico. Na primeira chave de leitura, o filme atende o apelo ao buscar uma iconografia própria de Carmen - suas cores, seus gestos, seu timbre vocal, seu tropicalismo avant la lettre - no intuito de atualizar o que ela representou para a cultura nacional. Trazer “sua cabeça” seria, nesse sentido, buscar sua presença enquanto força mobilizadora de um forte sentimento de invenção e potência frente às constantes ameaças de um país colonial. Em tom imperativo, o título pode também ser lido como mais uma alegoria, dentre as muitas da obra, que figuram o momento político vivido no Brasil no momento de sua realização, em 2018/2019, quando ameaças despóticas davam o tom distópico do presente.   A atriz e co-diretora Catarina Wallenstein vive o papel de uma atriz que se prepara para incorporar Carmen Miranda. Este filme é um metacinema, pleno de significantes, experimental em grau máximo, na esteira do radicalismo de cineastas marginais como Sganzerla, por exemplo - a presença de Helena Ignez, musa do cinema marginal e companheira de Sganzerla, reforça essa impressão. Talvez, a fórmula de Jairo Ferreira em “Cinema de Invenção” caiba bem para pensarmos essa obra, que com sua “linguagem analítico-instrumental (ou metalinguagem)”, se constrói e se reflete “a partir de uma deliberada deglutição antropofágica da linguagem-objeto original”. Dessa “deliberada deglutição” do “objeto original” Carmen Miranda, nada se digere, tudo retorna, regurgitado (penso na cena em que se extrai, da boca da atriz, deitada, objetos feitos restos) e necessariamente transformado.

Ficha técnica

elenco Catarina Wallenstien, Helena Ignez, Marcos Sacramento, Lux Négre, Luiz Alfredo Montenegro, Priscila Lima, Higor Campagnaro

direção e roteiro Felipe Bragança e Catarina Wallenstein

produção Duas Mariola Filmes e Cavideo

distribuição Livres Filmes

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