Fakir
Helena Ignez
2019, 92 min
A trajetória de Helena Ignez atravessa todo o cinema brasileiro, como ela mesma faz questão de sublinhar. Como atriz, ela inicia carreira atuando em filmes do Cinema Novo, bem antes de se tornar estrela do Cinema Marginal, no final da década de 1960 e início da de 1970, em obras dirigidas pelo companheiro Rogério Sganzerla e por Júlio Bressane, de quem foi sócia na lendária produtora Belair. Rebelde extraordinária, sedutora sagaz, mulher de todos: Ignez ocupa, no imaginário cinematográfico brasileiro, posição singular. Graças a sua autenticidade, ousadia e inteligência performática, sem mencionar sua prodigiosa produtividade – é creditada em 39 filmes como atriz e dirige, aproximadamente, um filme a cada dois anos, feito raro no cinema brasileiro, tão exposto a descontinuidades e desvios. Seu filme mais recente, A alegria é a prova dos nove (2023), é seu décimo segundo filme, entre longas, médias e curtas. Foi só depois da morte de Sganzerla, em janeiro de 2004, que se aventurou na direção de seus próprios filmes, já com mais de 60 anos. Em entrevista a Gabriela Rufino Maruno, autora de tese sobre sua obra, ela revela que sentiu necessidade de elaborar o luto, de dar continuidade ao trabalho daquele que sempre a incentivara a dirigir, a expressar-se como autora. Do “baú do Rogério”, conta ela nessa mesma entrevista, saíram materiais de montagem para A miss e o Dinossauro (2005), o roteiro de Luz nas trevas (2010) e outras tantas lembranças, registros de sua história que, na tese de Maruno, formam um “acervo criativo inigualável, com potencial para converter Helena em uma arqueóloga da própria vida”.
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