Introdução aos Estudos Oníricos
Amanda Pontes
2020, 3 min
As mudanças inesperadas – obras do acaso e destino, por bem e por mal – são motes narrativos frutíferos. Os cinemas afeitos à contingência operam aberturas às surpresas, podendo revelar através delas uma qualidade instável na matéria cotidiana. O efeito disso diante do familiar vivifica-se na formulação de perguntas: o que muda a partir de um encontro? Que caminhos imprevisíveis surgem de uma conversa, um gesto, uma troca que ninguém previu? Conduzidas por dúvidas, as personagens dos filmes de Michelline Helena e Amanda Pontes encontram-se frequentemente diante de acontecimentos catalisadores de mudanças. A pandemia, um peixe de estimação e até mesmo um bebê alteram subitamente suas rotas, convocando-as a lidar com o imprevisto e a formar novos vínculos. Por entre trajetórias solitárias e suas descobertas, os filmes refletem uma necessidade movente de reinvenção. Ao mesmo tempo, falam de relações familiares e raízes – às vezes ásperas, distantes ou aconchegantes -, de modo que os passos dados pelas personagens mundo afora também convocam e transformam as relações com suas origens.
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