O tempo é um pássaro
Yasmin Thayná
2024, 18 min
Pensar o cinema de Yasmin Thayná é adentrar imagens que operam como gestos de escuta, cuidado e experimentação sensível. Além disso, é reconhecer suas reverberações significativas no debate contemporâneo sobre cinemas negros no Brasil. Com o curta-metragem KBELA, Thayná inscreve-se num momento relevante dessas discussões, especialmente no que diz respeito à representação de pessoas negras e à reflexão sobre a história do cinema brasileiro, inspirando-se diretamente em outros cineastas, como Zózimo Bulbul. Ao longo da última década, sua obra tem se destacado pela abordagem da experiência negra brasileira — com especial atenção às mulheres — e por sua linguagem cinematográfica inventiva. As construções sonoras que aproximam o jazz dissonante aos ritmos cariocas, a atenção aos gestos cotidianos e processuais — como em Frascos de Perfume e Reconstrução —, e o uso de imagens de arquivo de famílias negras — especialmente em Fartura — revelam um entrelaçamento entre identidade, memória e resistência. O cuidado com os cabelos, o preparo dos alimentos, a festa — solar em O Tempo é um Pássaro — delineiam os modos de ser coletivos e as percepções de tempo circular que atravessam sua cinematografia. Reunimos no programa nove filmes da cineasta, que transitam entre o documentário, a ficção e a videoarte, chamando atenção para a vitalidade de seu olhar e a multiplicidade de suas abordagens fílmicas.
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