filmes Carlosmagno
A sinopse de um dos curtas-metragens de Carlosmagno Rodrigues resume bem a primeira impressão transmitida por seus filmes: “pensamentos randômicos cinematográficos”. Quem se aventura a conhecer a singularidade desse realizador de Minas Gerais se depara com uma variedade de estímulos sonoros e visuais: letterings, números, marcações, imperfeições e arranhões na imagem, registros caseiros e um sem-número de intervenções dramáticas a mesclar o que se conhece por filme-ensaio à total dissolução (e implosão) dos limites convencionais de gênero ou subgênero.
Artista de vanguarda, Carlosmagno cria não exatamente autoficções, e sim autoperssonagens: filma a si, ao filho (explicitamente seu alter ego), a amigos e amigas, colegas e desconhecidos, como se todos fossem fragmentos dele mesmo. Ao mesmo tempo, faz disso uma abertura para o mundo, não sem desafiar a percepção do espectador.
Os trabalhos de Carlosmagno flertam com o anarquismo e o niilismo; transitam, de um filme a outro, por questões políticas, econômicas, sociais, religiosas, afetivas, tecnológicas, artísticas e provocativas, num grande fluxo de imagens e reflexões que se acumulam, se complementam e se contradizem – num mundo complexo, as certezas não valem de nada. O cinema de Carlosmagno Rodrigues é um cinema em convulsão.
(por Marcelo Miranda)